Mestrado em Pedagogia do eLearning: AVALIAÇÃO EM CONTEXTOS ELEARNING (12090)
Tema 2 - “A Avaliação Pedagógica em Contextos de Elearning” - Abril 2015
Docente:
Dr.ª Lúcia Amante
Mestrandos:
António Chimuzu (Nº 1303044); Carlos Santos (Nº 1300971);
Ivanilda Ramos (Nº 1400519) e Sérgio Silva (Nº1000737)
Ivanilda Ramos (Nº 1400519) e Sérgio Silva (Nº1000737)
Resumo
A avaliação é um conceito multifacetado e que sofre evoluções na sua
conceção e desenvolvimento. Com o surgimento e o desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação e com os novos ambientes de
aprendizagem é exigida uma nova abordagem avaliativa, com novas
atitudes, capacidades e formas de construir o conhecimento em rede. Na
avaliação é exigida uma cultura avaliativa para uma abordagem sustentada
na autenticidade, transparência, consistência e praticabilidade.
Abstrat
Assessment is a multifaceted concept which evolves and develops. With
the rise and development of information and communication technologies
and new learning environments, it requires a new evaluative approach,
with new attitudes, skills and new ways to build networked knowledge.
Evaluation requires an evaluative culture necessary for sustained
approach to authenticity, transparency, consistency and practicality.
Palavras-chave: educação, avaliação, tecnologia, ensino online, competências
Introdução
A avaliação, enquanto conceito multifacetado (Mateo, 2002; Figari &
Achouche,1997; Chevallard,1990), tem vindo a ter um desenvolvimento
devido a par de crises e insuficiências na escola que se tem refletido
em praticas tradicionais ao longo dos tempos (Pinto, no prelo). Com as
novas tecnologias da informação e da comunicação e o surgimento da
internet surgem novos paradigmas e novas formas de aprender,
especificamente com os novos ambientes virtuais de aprendizagem, que
levam a uma exigência na reflexão e debate sobre o conceito, processo e
desenvolvimento de práticas de avaliação (Mateo & Sangrá, 2007).
Ainda assim, com o Processo de Bolonha que promove a utilização dos
ambientes virtuais, a educação não é apenas baseada em objetivos mas sim
como “um novo paradigma centrado no desenvolvimento de competências”
(Pereira et. al., 2010, p. 1).
Avaliação de Competências e o Elearning
No processo de avaliação quanto à sua conceptualização, desenvolvimento,
aplicação e diversificação temos como recurso Programas de Avaliação de
Competências, PAC, que articula a cultura de testes com a cultura de
avaliação (Pereira et. al., 2010).
“Reconhece-se que o uso de um único formato de avaliação é insuficiente
para fazer a avaliação da competência de um dado indivíduo. Torna-se,
assim, necessário desenvolver PAC’s que contemplem novas formas de
avaliação, substituindo a “cultura do teste” pela “cultura de avaliação”
(Birenbaun, 1996; Dierick & Dochy, 2001, citado por Amante et. al.,
2012, p. 47).
A avaliação baseada em competências tem em conta um conhecimento mais
complexo, com atitudes e valores associados, e torna-se também um dos
desafios no ensino superior e, em especial, na Educação a Distância,
como refere Mateo & Sangrá (2007):
“At the current moment, assessing competences instead of contents is one
of the major challenges facing the European Higher Area (EHEA). (…)
Finally, another of the bigger concerns in terms of assessment in online
education is the issue about the identity of the student. “ (In http://www.eurodl.org/materials/contrib/2007/Mateo_Sangra.htm)
E, no mesmo sentido, refere Pereira et. al. (2010), nos estudos
efetuados por Sainsbury & Walker (2007), que a “explosão do
elearning e a emergência de novos modos de aprendizagem com suportes
digitais veio também contribuir decididamente para o repensar das
estratégias de avaliação” (p.2). No entanto, face às exigências atuais, é
necessário para a avaliação de competências a aceitação dos novos
cenários com uma variedade de estratégias e modos de avaliação, deixando
o anterior paradigma dos testes escritos, standarizados, em que o
ensino se centra no professor e o aluno como elemento passivo na
aprendizagem. Deste modo torna-se também necessário, cada vez mais,
centrar o aluno no seu processo de aprendizagem, tornando-o mais ativo
no decorrer do processo e que se tome estratégias por modo a obter
“actividades colaborativas no espectro das tarefas de avaliação e faça
melhor uso das possibilidades de feedback oportuno, de forma a potenciar
a motivação para a aprendizagem durante o próprio processo de
avaliação” (Pereira et. al., 2010, p.3). No entanto é de referir, em
consideração aos mesmos autores e também referido por Amante et. el.
(2012), que apenas um método para avaliar a competência é insuficiente,
pelo que se deve tomar a diversidade de métodos como um conjunto, que se
podem complementar e articular, na avaliação de competências. Portanto,
é importante, também de acordo com Mateo & Sangrá (2007), que haja
mudanças no paradigma de avaliação para que a avaliação seja conduzida
pelo aluno, com critérios explícitos, de forma colaborativa e tomada
como um processo baseado em competências e com carácter autorregulador
do processo de aprendizagem e que as ferramentas, tais como os recursos
educativos abertos, promovam as aprendizagens baseadas na diversidade.
Para a definição de estratégias de avaliação baseada em competências,
Pereira et. al. (2010) propôs 4 dimensões de avaliação, articuladas
entre si, suportadas pela autenticidade, consistência, transparência e
praticabilidade. A autenticidade como um critério da avaliação de
competências próximo do contexto da vida real/profissional. A
consistência na resposta à validade e fiabilidade, no que concerne aos
indicadores psicométricos, com a existência da diversidade de métodos de
avaliação e com diversos contextos, avaliadores e estratégias
adequadas. A transparência no que se refere à visibilidade e compreensão
da avaliação de competências por todos os elementos envolvidos na
aprendizagem e “implica que conheçam tanto os critérios de avaliação
utilizados como os seus pesos relativos” (idem, p.4). Por fim, a
praticabilidade como um critério que reflete a exequibilidade da
estratégia da avaliação e, de acordo os estudos efetuados por Brown
(2004), “implica a gestão eficiente em termos de tempo, da relação
custos/eficiência para os avaliadores e as organizações (…) e deve
assegurar que os estudantes/aprendentes consideram as tarefas como sendo
realizáveis e relevantes, contribuindo para o seu desenvolvimento”
(idem, p.5). Numa aplicação e com base nestas dimensões explanadas por
Pereira et. al. (2010), Amante et. al. (2012) propuseram um referencial
enquadrador da atividade de avaliação para uma aplicação no projeto em
estudo intitulado “Elearning e Avaliação no Ensino Superior –
@ssess.he”. Este projeto permitiu identificar práticas e experiências no
âmbito da avaliação de aprendizagens e de competências, por meio de
recursos tecnológicos, tais como: fóruns, wikis, e-portfólios, quizzes,
blogues, entre outros. Desta forma, os autores tiveram a oportunidade de
explorar as estratégias utilizadas e de verificar as potencialidades,
constrangimentos e as perspetivas futuras da avaliação digital, pois
também verificaram que, no que respeita à natureza das competências
avaliadas, “embora o conjunto dos professores em causa, integrem as
tecnologias digitais nas suas atividades, o que pode revelar uma
valorização do seu uso, não manifestam grande preocupação com a
avaliação do desenvolvimento de competências neste domínio” (Amante et.
al., 2012, p.64).
Conclusão
O elearning introduziu novas possibilidades à educação, favorecendo a
doação de abordagens inovadoras de ensino aprendizagem, mais centradas
no aluno, na interação, na colaboração, na reflexão e na construção do
conhecimento. A explosão do elearning e a emergência de novos modos de
aprendizagem com suportes digitais veio também contribuir decididamente
para o repensar das estratégias de avaliação. Portanto deve ser
entendido como um processo sistemático, contínuo e integral destinado ao
levantamento e análise de informações e dados capazes de fundamentar um
julgamento imparcial, com finalidade de melhorar a eficácia das
aprendizagens e corrigir os erros, sempre que necessário, implementando
ações preventivas, corretivas e/ou de melhoria.
Consideramos que a avaliação é um conceito em constante evolução e
conceção, com uma prática exigente nos diversos contextos, sejam eles
presenciais ou a distância/online. A sua aplicabilidade deverá ser
diversificada. Neste sentido, também consideramos que é necessário
conceptualizar a avaliação de competências tendo em consideração que
representa um conceito complexo e que inclui conhecimentos, capacidades e
valores, pois a avaliação de competências também requer uma nova
abordagem, na qual conhecimentos, capacidades e atitudes estão
integrados (Baartman et al., 2007). As novas estratégias de avaliação
introduzem a necessidade de ter em conta as competências exigidas na
prática da vida real e de assegurar que os modos de avaliação reflitam
os que são utilizados nesses cenários e que os critérios de avaliação
sejam os adequados. Esta perspetiva coloca a questão de criar/conceber
um sistema de avaliação que permita aferir a qualidade dessas novas
formas de avaliação.
Face ao exposto em estudo aferimos que o modelo de ensino online requer
formas de avaliação específicas e adequadas que encarem a avaliação de
forma diversificada. Assim, a avaliação passa a ter uma natureza
promotora das aprendizagens, em vez de certificadora, e debruçasse sobre
as competências ao invés de conteúdos. As novas culturas de
aprendizagem determinam o uso de novas estratégias de avaliação e as
metodologias devem ser devidamente planeadas e integradas no processo de
desenvolvimento e acompanhamento, especificamente no ensino a
distância, e deve ser um processo dinâmico, credível e com uma
aplicabilidade rigorosa e exigente mas que servirá de base ao processo
ensino aprendizagem.
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