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domingo, 12 de janeiro de 2014

A virtualização das relações sociais

UC - Educação e Sociedade em Rede

Autenticidade e Transparência na Rede


O “mimo de internet” de 2005 dos BackDorm Boys (Chinese Boys) ao tema I Want It That Way dos Backstreet Boys, disponível no Youtube, com quase 15 milhões de visualizações, serviu de abertura ao debate sobre A virtualização das relações sociais.
Importa referir que a China privou os seus 591 Milhões de utilizadores de internet de aceder ao Youtube em 2009.

Segundo Hannah Arendt (1958) “Para nós, a aparência - alguma coisa que está a ser vista e ouvida tanto pelos outros como por nós - constitui a realidade.”.

A internet transformou o nosso modo de ser e estar, eliminando barreiras físicas e sociais, levando à desinibição da comunicação.

A Rede é o coração de um novo paradigma social e tecnológico, que constitui na realidade a base material das nossas vidas e dos nossos relacionamentos, de trabalho e de comunicação.

O que a internet faz é processar a virtualidade e transformá-la na realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos.

Tendo-se tornado num espaço de construção de sistemas alternativos, onde os indivíduos são livres de experimentar formas diferentes de comunicação e de auto-representação, é a possibilidade de “aparentar ser, literalmente, quem se quiser ser” e o potencial de experimentação que lhe está associado, que governa as expectativas da generalidade dos utilizadores das comunidades virtuais.

As comunidades virtuais são hoje um fenómeno social na internet, não existe um consenso quanto a uma definição precisa do que é uma comunidade virtual, contudo segundo Howard Rheingold, "as comunidades virtuais são agregados sociais nascidos na “Rede” quando os intervenientes de um debate o levam por diante em número e sentimento suficientes para formarem teias de relações pessoais no ciberespaço.

Criar identidades que apenas existam no ecrã não deixa de ser, uma oportunidade de auto-expressão para o indivíduo, fazendo-o sentir-se mais próximo do seu verdadeiro eu, ainda que oculto por detrás de uma panóplia de máscaras virtuais.

As pessoas não só se transformam em quem fingem ser, igualmente fingem ser quem crêem que são ou quem gostariam de ser (ou até mesmo quem não gostariam de ser), e uma vez transpostos os limites do Second Life, pode ser-se homem, mulher ou mesmo assumir múltiplas identidades.

Um exemplo da imersão no virtual é retratado pelo livro Neuromancer, de William Gibson, que viria a inspirar a triologia de filmes Matrix, mais recentemente o filme Avatar também abordou a mesma temática.
O filme a Rede Social também retracta a criação da comunidade virtual Facebook e o modo como se tornou um fenómeno mundial.

Pierre Lévy apresenta uma perspectiva optimista, e autores críticos como Jean Baudrillard ou Paul Virilio defendem visões mais pessimistas.

Enquanto Baudrillard entende o virtual como o esvaziamento do real e o fim da comunicação, Lévy interpreta o virtual como o exercício da criatividade e a garantia da permanência dos processos comunicacionais. Para Baudrillard, o virtual significa o fim do sentido, para Lévy é a criação de novos sentidos: a virtualização seria uma característica da própria comunicação (da linguagem), estando presente desde o momento em que a humanidade passou a produzir textos.

Apesar de não existir um manual de instruções da internet, existem diversos autores que abordam a temática, que podemos consultar e nos podem ajudar a formar a nossa própria opinião.

Tive a oportunidade de começar a aceder à internet aquando do boom das redes de IRC e continuei a acompanhar a evolução até ao dia de hoje, considero que devemos ter uma visão abrangente e uma postura critica em relação ao que nos rodeia, a rede tal como a vida real é povoada por pessoas, com tudo de mau e bom que isso acarreta.

Aproveito para partilhar algo real partilhado na rede virtual.




Referências:
  • Castells, M. (2011). A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura (Vol. I). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 4.ª Edição.
  • Ferreira, G. (2012). Que identidade nas redes virtuais? O eu flexível, entre a unidade e a fragmentação. Exedra, 6, 185-198. www.exedrajournal.com/docs/N6/12-CCE.pdf . Acedido em 29 de Dezembro de 2013
  • Lévy, P. (1997). O que é o Virtual? (Tradução de Paulo Neves). São Paulo: Editora 34
  • Lévy, P. (1999). Cibercultura. (Tradução de Carlos Irineu da Costa) São Paulo: Editora 34
  • Rheingold, H. (1993). The Virtual Community. Disponível em http://www.rheingold.com/vc/book/ .Acedido em 28 de Dezembro de 2013
  • Rheingold, H. (2012). Net Smart: How to Thrive Online. The MIT Press
  • http://en.wikipedia.org/wiki/Back_Dorm_Boys Acedido a 29 de Dezembro de 2013


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